segunda-feira, fevereiro 4

América do Sul - Igreja e Política

É com grande constrenação que tenho vindo a acompanhar a situação política na Colômbia, um país que vive debaixo de grande tensão e medo, e que tem na Igreja o seu maior aliado para alcançar a Paz. A Igreja Colombiana está mais uma vez a esforçando-se para mediar a grave crise politica e humanitária que assola este país sul-americano.
O objectivo da mediação é a libertação de 43 reféns, e para tal a Igreja Colombiana quer sentar à mesa de conversações o Governo Colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Para além desta mediação o Arcebispo de Bogotá, Cardeal Pedro Rubiano Saénz e outros bispos tem mantido conversações com os embaixadores europeus, para definir acordos humanitários.

Já este Domingo, Bento XVI deixou no Vaticano uma referência, em espanhol, à Colômbia, pedindo que se reze pelos “filhos e filhas deste amado país”, que “sofrem a extorsão, o sequestro e a perda violenta dos seus entes queridos”.
"Peço ao Senhor que se ponha definitivamente termo a esse sofrimento desumano e se encontrem caminhos de reconciliação, respeito mútuo e concórdia sincera, restaurando-se assim a fraternidade e a solidariedade, que são as bases sólidas para alcançar o justo progresso e construir uma paz estável”, indicou Bento XVI, em vésperas de receber a mãe de Ingrid Betancourt, uma das mais conhecidas reféns das FARC.

Outro exemplo de dinamismo é a candidatura lançada pelo Bispo D. Fernando Lugo à presidência do Paraguai, tendo como objectivo terminar com os 61 anos de poder absoluto do partido Colorado, e limpar o estado da corrupção.
O prelado é oficialmente o candidato da coligação de esquerda Aliança Patriótica, que representa 11 sindicatos de trabalhadores e grupos indígenas.

D. Lugo, opositor do presidente Nicanor Duarte Frutos, aparece como favorito em várias sondagens. O Vaticano suspendeu o Bispo, recusando o pedido de renúncia que o prelado apresentara e assinalando que a condição episcopal, uma vez assumida, é para toda a vida.

Duarte Frutos foi recebido em Outubro de 2007 por Bento XVI, com quem passou em revista "a situação actual do país" sul-americano.

As relações Igreja-Estado já conheceram melhores dias no Paraguai: ao longo dos últimos meses, o confronto que opõe Duarte Frutos à hierarquia católica intensificou-se, com novas acusações do político contra alguns bispos e sacerdotes, que considera estarem "metidos na política partidária". As primeiras acusações de Duarte Frutos foram precisamente contra Fernando Lugo.

O Direito Canónico determina que a renúncia apresentada por um Bispo possa ser concedida ou negada pelo Papa, que poderá ainda optar por suspendê-lo, como aconteceu com D. Fernando Lugo.

O segundo parágrafo do Cânone 287 do CIC proíbe os clérigos de tomarem “parte activa” em partidos políticos, admitindo excepções quando assim “o exija a defesa dos direitos da Igreja ou a promoção do bem comum”, a juízo da autoridade eclesiástica.


Não deveria ser esta uma das principais funções da Igreja?

sábado, janeiro 19

Hora de lutar pelo nosso Irmão

Num mundo em que os meios audiovisuais evoluem mais que o sentido de humanidade, somos por vezes confrontados com situações de horror extremo que nos incomodam, não só porque nos deixam angustiados, mas porque numa sociedade humana é nosso dever indignar-nos e revoltar-nos contra estas situações, e isto incomoda a nossa vida de privilegiados ocidentais.

Vivemos numa sociedade em que lutar pela verdade e pela justiça é um fardo, deste modo remetemo-nos à nossa condição de cidadãos comodistas e coniventes com estes crimes.
Se Abu-Ghraib chocou o mundo foi devido a estes horrendos acontecimentos terem sido filmados e fotografado, e apenas por isso. Caso não o tivessem sido, nada teria acontecido. A sociedade está a tornar-se num mero receptor de informação trabalhada, e sempre que algum acontecimento improprio escapa no filtro dos poderosos, a máquina do poder sabe dar os passos certos e torna-se aos olhos do mundo uma vitima inocente que em breve irá repor a verdade.

Em todo o mundo, pessoas são todos os dias barbaramente agredidas na sua dimensão humana, mas como não passam na minha televisão, rádio, internet, ou jornal, simplesmente não existem, e desde modo posso continuar pacifico e sereno a desfrutar do meu instinto consumista e capitalista para comer, beber, habitar, divertir e dormir descansado. Gestos simples no mundo ocidental que corresponde a 20% da população mundial, mas que consome 80% dos recursos do planeta...

Chegou a hora de todos nós sermos aquele Jesus que entrou no templo e que se revoltou!
Chegou a hora de ajudar o nosso irmão muçulmano, o nosso irmão judeu, o nosso irmão cristão, o nosso irmão hindu, e todos os nossos irmãos que sofrem num mundo em que a justiça apenas tem os olhos vendados....
Chegou a hora de realizar o projecto de Jesus, lutar pelo amor!



Abu Ghraib - a desumanidade que foi conhecida...

terça-feira, janeiro 15

Quebrar o instante

"Vivo a minha vida em círculos cada vez maiores

que se estendem sobre as coisas.

Talvez não possa acabar o último,

mas quero tentar."


"Uma única coisa é necessária: a solidão. A grande solidão interior. Ir dentro de si e não encontrar ninguém durante horas, é a isso que é preciso chegar. Estar só, como a criança está só."

Rainer Maria Rilke (1875-1926)


Não vem a propósito de nada. Tal como as coisas verdadeiramente importantes que moldam a existência. Simplesmente acontecem. São. De súbito, e, muitas vezes, sem razão aparente.
Mas não será a espontaneidade a mais profunda vivência humana?
Por isso, hoje, depois de muito tempo de desactualização do blog, Rilke. Só porque me apetece. E porque vale a pena.

quarta-feira, novembro 21

quarta-feira, novembro 14

Guerra Santa. Ou não.



“Não matarás.” – disse Deus.

“Mata um homem por dinheiro e és um criminoso; mata mil homens por um ideal e és um génio” – disse alguém.

Disse Hegel (1770-1831) que a guerra ajuda-nos a perceber que as coisas triviais e a vida das pessoas valem pouco. “Através da guerra preserva-se a saúde dos povos.”
Sentem-se sãos? Eu não.
Então a guerra é má. Ou será que é boa? Ou será ambas as coisas? Poderá sê-lo?
O mal é o oposto do bem? Ou são simplesmente duas faces da mesma moeda? Se Deus é bom, porque existe mal?
“O bem e o mal são inseparáveis; um não tem sentido sem o outro. O bem só tem valor se o mal for uma opção, se nos dedicamos ao bem porque realmente o desejamos e não porque não temos alternativa.” Gottfried Leibniz (1646-1716)
Assim, como pode uma guerra ser santa? Ser santo é mau? Ou a guerra é boa?
Porque escolheu Deus sacrificar os inocentes mortos pela guerra? Foram em vão todas aquelas vidas? Eles poderiam ter mudado o mundo se não tivessem morrido. Mas morreram. Estavam condenados a morrer.

“Estamos condenados a ser livres” – disse Sartre.

Estamos? – digo eu.

segunda-feira, novembro 12

Evoluçao vs Fundamentalismo Religioso



Renegar a ciência é desvalorizar a Sapiência de Deus!

quarta-feira, novembro 7

Mera Representação, Encenação Radical Ou Pensamento Retrógrado?



Desde já deixem-me desejar a este blog um grande sucesso. Permitam-me que o faça só agora uma vez que é a primeira entrada minha que aqui ponho.

Bom, já que na passada semana estivemos numa de analisar temas arrojados pela ligação religiosa à música, proponho que nos debrucemos sobre o que La Féria utilizou aquando da tomada de posse da sua empresa de produções artísticas – Bastidores - para relançar o histórico teatro Rivoli: o musical “Jesus Cristo Superstar”.

A pergunta que ponho é muito simples: até que ponto o povo cristão consegue aceitar o que neste musical podemos ver?
Este é um trabalho no ramo do teatro musical da autoria de Lloyd Webber, da década de 70. De forma a fazer arte, Webber conta-nos a história Jesus Cristo de uma forma ousada, um pouco diferente daquela que descrevem na nossa catequese.

Tudo bem, estamos a assistir a uma forma de arte como é o teatro. Mas, para os mais distraídos, caso confundam realidade com representação, é possível apanhar alguns sustos com esta produção.

“Distraí-me” apenas um bocadinho e eis que me deparei com pormenores um pouco controversos. Exceptuando o facto de haver uma cruz toda bonita para um final tão trágico, figuras muito bem vestidas para a época e para a classe representada (meras interpretações), uma aparência cuidada em todo o que não nos podemos esquecer que é um espectáculo que pretende vender, há a parte da música e a forma como ela conta a história do Messias.

A mim, faz-me confusão que alguém "grite" o nome de Jesus Cristo, embora estejamos a falar de teatro musical, como alguém que grita o nome de um DJ numa festa altamente “freak”.
A parte musical está justificada, eu creio. A obra tem um estilo, foi criada segundo as ideias de um autor da abordagem do nome de Cristo. Quem quer, compra, quem não quer, não compra. Mas há algo nesta abordagem que não me cai muito bem. Volto a referir, da década de 70, vejo já uma grande evolução. Estarei a ficar antiquado? A envelhecer para anos passados!?

Lanço-nos o tema:
Aceitação da evolução de manifestações cristãs nos tempos de hoje.

Se tiverem oportunidade, assistam a uma gravação do musical, quando disponível. Desconheço a já existência de alguma.

Um bem haja a todos nós!